Certas histórias são universais. ‘Visitando o Sr. Green’ narra o encontro entre um jovem e um senhor de 86 anos e vem conquistando plateias do mundo inteiro. A comédia do norte-americano Jeff Baron discorre sobre amizade, respeito às diferenças, velhice, solidão. Sobre o ser humano e suas múltiplas camadas com muito bom humor. No Brasil, Paulo Autran esteve à frente de uma montagem histórica, com direção de Elias Andreato, que se reencontra com o texto 25 anos depois, agora assumindo o papel título. Ele estará ao lado de Johnny Massaro, a partir de 18 de janeiro, no Teatro Renaissance, com direção de Guilherme Piva.

Elias Andreato não esconde o entusiasmo de revisitar esse texto tantos anos depois. “O reencontro com o Sr. Green é carregado de nostalgia e emoção. E muita saudade do meu amigo Paulo Autran. Voltar a ele, com novas perspectivas e em um contexto diferente, permite redescobrir nuances que talvez tenham passado despercebidas antes. Foi uma experiência transformadora dirigi-lo pela primeira vez e agora é uma nova aventura explorar o mesmo texto na companhia do talentoso Guilherme Piva”, celebra.
‘Visitando o Sr Green’ teve estreia mundial em 1996 e, desde então, vem sendo encenada sempre com grande sucesso. A peça já foi montada em mais de 50 países, em 26 línguas e 600 produções diferentes. Guilherme Piva não hesitou em aceitar o convite para dirigir esta nova montagem. “O que mais me atrai é a forma como os temas são abordados. Ela fala de como nos afastamos do amor, seja ele qual for, por diferenças de crenças, dogmas da sociedade e da religião. E reflete como é preciso ressignificar para se encontrar a verdade mais profunda do nosso ser, que por muitas vezes deixamos de lado”. Elias Andreato complementa: “o que mais me atrai no texto é a forma como ele explora temas universais como tolerância, perdão e o choque entre gerações e culturas, tudo com um tom muito humano e cheio de humor. O texto nos conduz por uma jornada onde os personagens, em sua humanidade e falhas, representam tantas pessoas que conhecemos em nossas próprias vidas”, exalta.
Johnny Massaro encontrou em ‘Visitando o Sr Green’ o momento ideal para retornar aos palcos. “Fui arrebatado pelo texto, a saudade do risco e, claro, pelo Elias Andreato”. O ator explica ainda como funciona seu processo de escolha de trabalho. “Respeito profundamente a intuição de que posso me tornar uma pessoa melhor ao encarnar, sessão após sessão, as palavras de um determinado texto. É este caso. Senti uma conexão imediata com a história e, com ela, a sensação de que poderia ser um corpo propício, disposto a contá-la”, explica.
Guilherme Piva não esconde o entusiasmo de trabalhar com artistas de gerações tão diferentes. “São dois atores maravilhosos e que admiro profundamente. E essa diferença de idade e de experiência me ajuda muito nesse texto, porque ele fala exatamente sobre isso. Sobre esse choque geracional. Um personagem é mais enrijecido, mais ortodoxo. O outro, mais maleável, mais contemporâneo. Os dois carregam as dores do seu tempo e o bonito é que, com a convivência, eles aprendem um com o outro e passam a se complementar nas faltas, fazendo uma transferência muito emocionante”, explica.
O texto ganha nova tradução de Gustavo Pinheiro, em uma co-produção de Edgard Jordão e Rodrigo Piva. A ficha técnica é repleta de grandes nomes do teatro: cenário – Chris Aizner, figurinos – Karen Brusttolin edesigner de luz– Maneco Quindere e trilha original, entre outros.
O TEXTO
Um pequeno acidente de trânsito, que quase resultou num atropelamento, acaba provocando a aproximação entre o Sr Green, um velho e solitário judeu ortodoxo, e Ross, um jovem executivo de 29 anos que, graças ao juiz Kruger, foi acusado de negligência na direção e considerado culpado pela ocorrência. A pena consiste em fazer com que Ross deva prestar serviço comunitário junto à vítima uma vez por semana, pelos próximos seis meses. A ação da peça se passa no velho apartamento do Sr. Green. Tudo parece ter sido adquirido há muito tempo e se mantido intocável desde então.
A circunstância legal que os uniu involuntariamente, envolve os dois em situações inusitadas, com traços de fino humor e de profunda emoção. Revelando pouco a pouco a personalidade de cada um, suas realizações e suas frustrações acabam por constituir a trama central da peça através da riqueza da narrativa e dos instigantes diálogos de Jeff Baron. Retratam também, magistralmente, os aspectos mais pitorescos da cultura judaica, bem como os encontros e desencontros de dois seres humanos nas grandes cidades.
O que se inicia como uma comédia sobre duas pessoas estranhas que se ressentem de ter que compartilhar o mesmo ambiente, ainda por pouco tempo, transforma-se em um drama envolvente e emocionante à medida que segredos vão sendo revelados e antigas feridas começam a ser abertas.
Temporada: até 20 de abril
Local: Teatro Renaissance – Alameda Santos, 2233 – Jardim Paulista
Horários:
Sábados: 21h
Domingo: 19h30 (em Janeiro) /19h (a partir de fevereiro)
Preços: R$ 150,00 (inteira) /R$ 75,00 (meia)
Link ingressos:
https://olhaoingresso.com.br/VISITANDOOSR.GREEN.html
Classificação indicativa: 10 anos
Duração: 90 min