Se as grandes perdas são inevitáveis na existência humana, como lidar com o turbilhão de sentimentos que surge diante da finitude? De que forma a pessoa que fica segue a vida na ausência de quem se foi ou do que não volta mais? Como fim e começo se enredam na trama da vida? Estes questionamentos estão cada vez mais narrados pela literatura contemporânea, sobretudo após a pandemia tornar a finitude ainda mais presente e concreta. Na série de encontros literários Tramas do luto, nos meses de outubro e novembro no Sesc 14 Bis, escritores, filósofos, jornalistas e cineastas estão entrelaçados para conversar sobre a finitude, o amor e as possibilidades de ressignificar a saudade, propondo visões para lidar com a morte de alguém, com o fim de um relacionamento ou com a dissolução de sonhos e planos de vida.
No dia 16/10, Natalia Timerman e Noemi Jaffe, nos fazem a pergunta: Como nos despedir de quem amamos?; no dia 23, o filósofo Renato Noguera nos convida a conhecer A dor da perda para diferentes culturas; dia 30, a roda de conversa entre Renan Sukevicius e Fê Lopes aborda os desafios emocionais e psicológicos associados aos términos em Lidar com os fins: relacionamentos, amizades, fases da vida; em 6/11, Bettina Bopp e Valéria Tinoco mostram que a vida ganha nova perspectiva ao ouvirmos O que podemos aprender sobre a vida com quem está prestes a partir? E, finalmente, no dia 13/11, Marcelo Rubens Paiva e Eliza Capai partem de trajetórias pessoais para falar sobre O luto como luta: quando a perda se transforma em missão. A mediação dos encontros é de Luara Calvi Anic. Ainda dentro do projeto, no dia 24/10, Renato Noguera conduzirá a roda de conversa com pessoas idosas Ponto de encontro – o Luto, apresentando outras formas de lidar com o tema a partir de rituais de passagem de diferentes culturas.
Confira a programação completa em: sescsp.org.br/14bis
Serviço:
Como nos despedir de quem amamos?
Com as escritoras Natália Timerman e Noemi Jaffe. Mediação: Luara Calvi Anic.
Dia 16/10, quarta, às 19h
Biblioteca – Piso térreo
A partir de 14 anos
Grátis
Existe um caminho mais ou menos adequado para lidar com doenças ou a finitude daqueles que amamos? Nesta conversa, as escritoras Noemi Jaffe e Natália Timerman compartilham como lidaram com o sofrimento e a morte de entes queridos e transformaram gestos e acontecimentos do cotidiano em formas de ressignificar o luto, sobretudo através de uma escrita sobre amor e saudade.
Natalia Timerman, médica psiquiatra pela Unifesp, mestre em psicologia e doutoranda em Literatura pela USP, cursou a formação de escritores do Instituto Vera Cruz (São Paulo). É autora, entre outros, de “As Pequenas Chances” (Todavia, 2023), no qual trata da morte do pai, o médico Artur, da vida em família a partir desse desfecho e do poder da memória e das tradições judaicas em seu processo de luto.
Noemi Jaffe é escritora, professora de literatura e de escrita e crítica literária. Tem doutorado em Literatura Brasileira pela USP. Desde 2016, mantém o Centro Cultural Literário Escrevedeira, em parceria com Luciana Gerbovic e João Bandeira, que oferece cursos e oficinas relacionados à escrita e à literatura. É autora diversos livros, dentre eles “Lili: Novela de um luto” (Companhia das Letras, 2021), no qual relata os primeiros dias após a perda da mãe (uma mulher de 93 anos, sobrevivente do Holocausto) e investiga as lembranças e anseios após a morte, mas também o que fica depois dela.
A dor da perda para diferentes culturas
Com o filósofo Renato Noguera. Mediação: Luara Calvi Anic.
Dia 23/10, quarta, às 19h
Teatro – 2º andar
A partir de 14 anos
Grátis
Retirada de ingressos a partir de 22/10, às 17h, através do site centralrelacionamento.sescsp.org.br, do aplicativo Credencial Sesc ou nas bilheterias do Sesc São Paulo.
Ter contato com diferentes entendimentos relacionados à morte pode transformar a maneira como lidamos com o luto – e também com a vida. Nesta conversa, o filósofo e professor Renato Noguera trata de rituais de passagem, cerimônias de diferentes culturas e como elas encaram o sofrimento, a tristeza, a frustração e a perda.
Ponto de encontro: o Luto
Com Renato Noguera
Dia 24/10, quinta, às 15h
Sala de Oficina – 2º andar
A partir de 60 anos
Grátis
Conforme envelhecemos, a finitude se torna uma dimensão da vida cada vez mais presente, com despedidas e mudanças incontornáveis. Nesta roda de conversa voltada para idosos, vamos explorar como essas perdas físicas, emocionais ou sociais são encaradas por diferentes culturas ao redor do mundo.
Renato Noguera possui vivência familiar griot (griô), é escritor, professor e pesquisador. Tem doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro) e tem se dedicado a investigar os afetos num diálogo entre antropologia, história, filosofia, neurociência e psicanálise. Foi consultor das novelas Pantanal e Além da Ilusão (Rede Globo/2022). Dentre seus livros publicados, está “O que é o luto: como os mitos e as filosofias entendem a morte e a dor da perda” (Harper Collins, 2022), no qual explora como diferentes culturas lidam com o luto, a tristeza e a dor da perda a partir da análise de mitos dos ritos funerários de diversos países.
Lidar com o fim: de relacionamentos, de amizades e de fases da vida
Com o escritor Renan Sukevicius e a psicanalista Fê Lopes. Mediação: Luara Calvi Anic.
Dia 30/10, quarta, às 19h
Biblioteca – Piso térreo
A partir de 14 anos
Grátis
Neste encontro, a psicanalista Fê Lopes e o escritor e jornalista Renan Sukevicius abordam os desafios emocionais e psicológicos associados a diferentes términos. Seja por meio da psicanálise ou do exercício literário, ambos refletem sobre como compreender e lidar com o fim de relacionamentos, de ciclos da vida, de projetos e de amizades.
Renan Sukevicius é jornalista e escritor. Apresenta o jornal Entre Nós na rádio BandNews FM e no canal BandNews TV, escreve no blog Todas as Letras, sobre diversidade, no jornal Folha de S.Paulo e apresenta o podcast Finitude, sobre morte e luto, pela Rádio Guarda-Chuva. Seu primeiro livro de ficção, “Quase Verão” (Diadorim, 2023), retrata três adolescentes em um período de transição importante em suas vidas.
Fê Lopes é psicóloga clínica, psicanalista, com formação em Psicanálise da Parentalidade e da Perinatalidade pelo Instituto Gerar, e em Psicologia e Relações Étnico Raciais no Instituto Amma Psique e Negritude. É co-criadora do Curso de Introdução ao Letramento Racial, do Instituto Aripe, também do projeto Igbaya – Apoio a Amamentação Negra e da Semana de Apoio a Amamentação Negra. Além disso, é co-autora do Psy(co), um podcast sobre psicologia e cultura pop.
O que podemos aprender sobre a vida com quem está prestes a partir?
Com a escritora Bettina Bopp e Valéria Tinoco. Mediação: Luara Calvi Anic.
Dia 6/11, quarta, às 19h
Teatro – 2º andar
A partir de 14 anos
Grátis
Retirada de ingressos a partir de 5/11, às 17h, através do site centralrelacionamento.sescsp.org.br, do aplicativo Credencial Sesc ou nas bilheterias do Sesc São Paulo.
Quando a morte está próxima, a vida ganha uma nova perspectiva. Nesta conversa, vamos explorar os muitos sentimentos que surgem quando o fim acontece de maneira lenta e prolongada. Para essa conversa, a escritora Bettina Bopp traz a experiência da despedida da mãe e do irmão, e a psicóloga Valéria Tinoco sua prática clínica relacionada ao rompimento de vínculos afetivos.
Bettina Bopp é formada em Letras, dramaturga e autora de roteiros audiovisuais, livros didáticos e paradidáticos. Escreveu “Afetos colaterais: a busca pela poesia na despedida de minha mãe” (Planeta, 2023), no qual narra poeticamente a convivência com a doença degenerativa de sua mãe (indicado ao Prêmio Jabuti 2023) e “Pra quando você acordar: Crônicas de saudade e espera” (Planeta, 2022), em que cria um diário ao longo dos 15 anos em que o irmão ficou em coma.
Valéria Tinoco é psicóloga e psicoterapeuta. Mestre e Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Especialista em temas relacionados à formação e rompimento de vínculos afetivos.
O luto como luta: quando a perda se transforma em missão
Com o escritor Marcelo Rubens Paiva e a cineasta Eliza Capai. Mediação: Luara Calvi Anic.
Dia 13/11, quarta, às 19h
Teatro – 2º andar
A partir de 14 anos
Grátis
Retirada de ingressos a partir de 12/11, às 17h, através do site centralrelacionamento.sescsp.org.br, do aplicativo Credencial Sesc ou nas bilheterias do Sesc São Paulo.
As dores individuais do luto podem se tornar combustível para lutas coletivas. Em “Ainda Estou Aqui” (Alfaguara, 2015), Marcelo Rubens Paiva narra a luta da mãe para criar os filhos enquanto busca respostas para o desaparecimento do marido pela ditadura militar. Já no documentário “Incompatível com a vida” (2023), Eliza Capai transforma a dor de uma gravidez frustrada em uma batalha pelo direito feminino ao próprio corpo.
Marcelo Rubens Paiva é escritor e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. Seu primeiro livro, Feliz ano velho, foi publicado em 1982 e, dentro outros livros, é autor de “”Ainda estou aqui” (Alfaguara, 2015), no qual narra a história de sua mãe, Eunice Paiva. A advogada e ativista criou os filhos enquanto enfrentava o luto pelo desaparecimento do marido durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), e cobrava respostas e investigações oficiais.
Eliza Capai é jornalista e documentarista. Entre outros filmes, dirigiu “Incompatível com a Vida”, longa-metragem documental em que reflete sobre perda gestacional, aborto e luto. O filme foi vencedor do prêmio da APCA 2023, do Festival É Tudo Verdade, participante do Festival Sesc Melhores Filmes e pré-qualificado para o Oscar 2024.
Mediação dos encontros:
Luara Calvi Anic é jornalista, mestre em ciências da comunicação pela ECA-USP e editora-chefe da Gama revista, onde coapresenta o Podcast da Semana. Foi livreira, editora de cultura e comportamento da ELLE e de outros títulos da Editora Abril, repórter da Trip/Tpm e colaborou com Folha de S.Paulo. É co-curadora do projeto “Tramas do Luto”.
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