Em cartaz no IMS Paulista, a exposição Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985, terá seu catálogo lançado na próxima terça-feira, 28 de maio, às 19h, no IMS Paulista. Na ocasião, haverá um debate entre a professora de comunicação social da UFMG Cláudia Mesquita e o diretor e roteirista Joel Zito Araújo. O bate-papo, com entrada gratuita, será mediado pelos curadores da exposição, Thyago Nogueira e Horrana de Kássia Santoz. Após a conversa, haverá uma sessão de autógrafos com Bodanzky e os participantes do evento.
A mostra reúne pela primeira vez fotografias, reportagens de TV, filmes super-8 e cenas dos principais filmes dirigidos pelo cineasta durante a ditadura militar brasileira, como Iracema: uma transa amazônica (1974), Gitirana (1975) e Terceiro milênio (1980), além de outros itens. As obras tratam de temas que permanecem atuais, como a violência no campo, a destruição ambiental e a luta dos movimentos sociais.
O catálogo estará à venda no dia do evento e também disponível para compra na loja online do IMS. A publicação traz uma seleção de fotografias, além de frames dos filmes e dos super-8 feitos por Bodanzky. Entre os textos que compõem o livro, há entrevistas com Ailton Krenak, tratando da produção do cineasta e dos conflitos atuais da Amazônia, e com Jorge Bodanzky, percorrendo todos os momentos da sua carreira.
Thyago Nogueira escreve sobre a produção artística e documental do cineasta e fotógrafo e apresenta os recortes conceituais na exibição. Já o texto de Horrana de Kássia Santoz e Luara Macari comenta o papel das imagens na perpetuação das histórias, especialmente durante períodos políticos significativos, e como essas imagens não apenas documentam, mas também constroem narrativas e relações de poder.
Ainda na publicação, a professora Cláudia Mesquita analisa a urgência documental e a complexidade dramatúrgica presentes nos filmes de Bodanzky. Já o diretor e roteirista Joel Zito Araújo reflete como os filmes de Bodanzky rodados na Amazônia expuseram a tragédia por trás da propaganda do progresso na região.
Mais sobre a exposição
Em cartaz até 28 de julho no IMS Paulista, a mostra apresenta o período em que Bodanzky consolidou sua linguagem visual, atuando na fotografia, na televisão e no cinema. No centro da exposição, quatro grandes telas de projeção exibem cenas dos principais filmes do cineasta feitos no período. As projeções criam diálogos entre as cenas para mostrar temas comuns, como as formas de exploração do trabalho, as lutas e resistências, a religiosidade e espiritualidade populares, e as distintas visões de progresso. Cada projeção tem cerca de 25 minutos.
Desde 2013, o IMS preserva a obra fotográfica e os filmes super-8 de Bodanzky. Nas paredes da exposição, o visitante encontra ainda fotografias feitas pelo artista nas décadas de 1960 e 1970, durante suas viagens pelo Brasil. Há imagens experimentais produzidas em Brasília, cenas de reportagens feitas para a revista Realidade e flagrantes do cotidiano do país. Na obra fotográfica, chama a atenção o uso do para-brisa de carros, aviões ou helicópteros para enquadrar a realidade, um recurso que sugere a formação do olhar narrativo e cinematográfico de Bodanzky.
O artista inovou o cinema brasileiro ao trabalhar com equipes pequenas, câmera na mão, som direto e poucos recursos. “Em parte de sua obra, Bodanzky usou a ficção para realçar as contradições reais da sociedade e valeu-se de atores não profissionais para dar autenticidade à realidade cinematográfica”, afirma o curador Thyago Nogueira. “É importante ressaltar também que boa parte do cinema de Bodanzky foi feita em parceria, com nomes fundamentais, como Wolf Gauer, Orlando Senna, Hermano Penna e Helena Salem, contribuindo para a diversidade de visões dos filmes”, complementa.
Sobre os participantes do debate
Cláudia Mesquita é professora do curso de graduação e do programa de pós-graduação em comunicação social da UFMG, onde integra os grupos de pesquisa Poéticas da Experiência e Poéticas Femininas, Políticas Feministas. Pesquisadora do cinema brasileiro, com mestrado e doutorado na ECA-USP, e pós-doutorado na UFC, publicou, com Consuelo Lins, o livro Filmar o real – Sobre o documentário brasileiro contemporâneo (Editora Jorge Zahar, 2008), e organizou, com María Campaña Ramia, El otro cine de Eduardo Coutinho (Cinememoria e Edoc, 2012), publicado no Equador.
Joel Zito Araújo é diretor e roteirista, conhecido por tematizar o negro na sociedade brasileira. Sua obra inclui o livro e filme A negação do Brasil (2001), os longas ficcionais e documentais Filhas do vento (2004), Meu amigo Fela (2019), O pai da Rita (2022), e as séries PCC: o poder secreto (2022) e A ética do silêncio (2023).
Serviço
Catálogo: Que país é este? A câmera de Jorge Bodansky durante a ditadura brasileira, 1964-1985
Páginas: 256
ISBN: 978-65-88251-19-5
Preço: R$ 155,00
lojadoims.com.br
Debate e sessão de autógrafos no lançamento do catálogo Que país é este? A câmera de Jorge Bodansky durante a ditadura brasileira, 1964-1985
28 de maio, terça-feira, às 19h
9º andar, IMS Paulista
Grátis
Distribuição de senhas 60 minutos antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.
Evento com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais)
Exposição Que país é este? A câmera de Jorge Bodansky durante a ditadura brasileira, 1964-1985
Visitação: até 28 de julho
6º andar, IMS Paulista
Entrada gratuita
IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424
São Paulo, SP
Entrada gratuita
Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h